Transplantes de rim não são feitos há 2 anos e meio! Em Mato Grosso, 668 pessoas estão na fila de espera

26/01/2012 10:21

 

Transplantes de rim não são feitos há 2 anos e meio


Em Mato Grosso, 668 pessoas estão na fila de espera
Há quase 2 anos e meio sem realizar transplante renal por falta de local credenciado, Mato Grosso conta com uma fila de 668 pacientes aguardando por um rim. Atualmente, o Estado oferece apenas cirurgia para transplantar córneas. Neste segmento, são 147 pessoas à espera de um órgão para voltar a enxergar. Em 2011, 254 pacientes de Mato Grosso fizeram transplante de córnea.


A saúde pública chegou a realizar transplantes de medula óssea, enxerto ósseo e rins. Porém, as duas unidades hospitalares que faziam o atendimento perderam o credenciamento por não cumprirem determinações do Ministério da Saúde. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES), os locais não possuíam alvará sanitário.
Com a deficiência do serviço quem sofre são os pacientes renais, que precisam recorrer a outros estados em busca de tratamento, além de passarem mais tempo dependendo da hemodiálise para sobreviver.
A enfermeira especialista em Nefrologia, Paula Baldrighi, do Centro Nefrológico de Cuiabá, comenta que boa parte dos 250 pacientes de hemodiálise da unidade é carente e não tem meios próprios para custear as viagens até São Paulo, onde há a oportunidade de fazer um transplante.
Ela cita como exemplo o caso de um paciente que nesta semana foi referenciado para o transplante, mas estava com dificuldade para viajar. Muitos chegam a depender de “cota” entre os próprios profissionais do local para realizar as viagens.
Embora a SES arque com as passagens, por meio do Tratamento Fora do Estado (TFD), existem outras despesas naturais do deslocamento, como hospedagem, alimentação do próprio paciente e do acompanhante, que é uma obrigatoriedade. “Se existisse a oferta do serviço aqui seria muito mais fácil. Existem pacientes que precisam fazer hemodiálise quando estão em trânsito de uma cidade para outra e terminam voltando às pressas. Isso não ocorreria com
o atendimento aqui”.
Aos 16 anos de idade, o adolescente Lucas Aguiar dos Santos enfrenta as dificuldades da doença e aguarda na fila por um rim. Além dos problemas provocados pela deficiência renal, o jovem comenta que a família não tem condições financeiras para arcar com as viagens até São Paulo, onde deve comparecer a cada 3 meses para exames. “Se eu não precisasse viajar, seria bem melhor. Não teria a preocupação de ir até São Paulo”.
Lucas conta que a doença renal foi descoberta quando ele ainda tinha 1 ano. Em 2011, o problema se agravou e os órgãos pararam de funcionar, tornando obrigatórias as sessões de hemodiálise. Revela ter parado de estudar por não saber como os colegas da escola reagiriam ao cateter no pescoço. “O transplante melhoraria tudo, eu teria uma vida normal, não precisaria fazer hemodiálise. Eu não tenho uma vida normal, vivo indo ao médico, fazendo exame, um monte de coisas que outras pessoas da minha idade não fazem”.
Entre as restrições de alimentos e líquidos, é a fruta carambola que Lucas mais sente vontade de comer. Já para o aposentado Eloisio da Silva, 49, é a água que mais faz falta. “Sinto muita sede, mas posso beber somente um pouco de água”.
Ele descobriu a doença há 4 anos e desde então faz sessões de hemodiálise 3 vezes por semana, 4 horas por dia, como determina todo tratamento de paciente renal. Eloisio também está na fila por um rim, em São Paulo, e também tem dificuldades para realizar as viagens. “Com o tratamento aqui seria muito melhor para quem precisa. Para viajar é preciso ter dinheiro para pagar hotel e eu não tenho condições. No começo a minha família ajudou, mas meus parentes também não têm condições”.
Eloisio conta que era pedreiro e teve que parar de trabalhar por causa da doença. Hoje, recebe um salário mínimo para arcar com as despesas da família. Conforme a enfermeira Paula, as histórias se repetem entre os pacientes. Ela conta que todos sonham com um rim novo, com a possibilidade de se livrar das sessões de hemodiálise, bem como garantir uma melhor expectativa de vida. Aespecialista frisa que o transplantado não deixa de ter acompanhamento médico, tomar medicamentos e ter cuidados especiais com a saúde, porém tem ganhos no dia a dia.
Explica que o Cenec tem 30 dias para cadastrar o paciente no Hospital do Rim Hipertensão, em São Paulo, após o início da hemodiálise. “No segundo dia já perguntam se estão na fila. Ficam ansiosos com isso”.
Ela cita que o paciente renal sofre com a agressividade da doença, que termina afetando outras partes do organismo, como a possibilidade de ter uma doença óssea, problema de fraturas, cardíaco, diabetes, hipertensão, risco de acidente vascular cerebral, ganho de peso, anemia. Além das sessões de hemodiálise que terminam sendo um transtorno, há ainda a restrição alimentar. “Tem a limitação física, não podem pegar peso, não podem viajar para qualquer lugar por causa da hemodiálise”.
Fonte: Midia News – 23/01/201
2

Extraído: www.abcdt.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1869:transplantes-de-rim-nao-sao-feitos-ha-2-anos-e-meio&catid=46:saude-em-destaque&Itemid=105

 


Crie um site grátis Webnode