A Santa Casa de Campo Grande ainda precisa de um leito exclusivo de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para voltar a fazer transplantes de rim de doadores cadáveres – procedimento que não é feito no hospital desde 2005. A medida prejudica pacientes renais crônicos que estão na fila, aguardando transplante do órgão. Em todo o ano passado, a Santa Casa realizou 22 transplantes de rim intervivos – no qual o orgão é proveniente de doador vivo. No mesmo período, outros 22 rins de pessoas com morte cerebral tiveram de ser enviados para outros estados.
"Isso (a retomada dos transplantes de rim de doadores cadáveres) é uma lenda. Há anos que ouço isso e não acontece nada", diz José Roberto Ost, 57 anos, há sete aguardando um novo rim. Ele conta que descobriu a insuficiência renal em 2001 e de lá para cá a doença de agravou e ele teve que começar a hemodiálise. Desde 2004 ele foi diagnosticado com falência renal e está na fila por um rim.
José Roberto é presidente da Associação do Doentes Renais Crônicos e Transplantados de Mato Grosso do Sul (Recromasul). Ontem à tarde, ele fazia hemodiálise na clínica Hiperrim, quando recebeu a reportagem. Ele dizer estar desacreditado e junta dinheiro para fazer o procedimento em São Paulo. "Na primeira oportunidade que tiver entro na fila de pacientes de São Paulo e espero pelo transplante", disse. Em Mato Grosso do Sul, 1,3 mil pessoas fazem hemodiálise e 352 estão cadastradas na fila à espera de um rim novo.
Explicação
"O que falta (para a Santa Casa retomar os transplantes de rim de doadores com morte cerebral), atualmente, é um leito de UTI destinado exclusivamente para o tratamento de pacientes renais recém transplantados", disse o diretor-clínico da Santa Casa, Luís Alberto Kanamura. Segundo ele, já estão sendo realizadas reuniões entre a equipe médica e a direção do hospital para contornar essa situação. "Se a resposta for positiva, os transplantes de rim de doadores cadáveres será retomado, senão não existe transplante", disse o diretor-clínico.
Kanamura explica que sem um leito de UTI disponível 24 horas "não se pode fazer o transplante porque a gente nunca sabe quando vai haver um doador cadáver e é preciso que tudo esteja pronto para o transplante assim que a morte cerebral acontecer", afirma.
No caso dos transplantes de rim entre doadores vivos, o procedimento ocorre normalmente no hospital porque existe um planejamento, com agendamento prévio de uma sala de UTI para o paciente. "O transplante intervivos é realizado porque se há o consentimento do doador podemos agendar a data e a sala em que o transplantado vai ficar internado", disse. A previsão, segundo Kanamura, é de que na próxima semana o hospital defina se irá separar ou não de um leito de UTI exclusivo para os pacientes renais transplantados.
A Santa Casa é o único hospital do Estado credenciado pelo Ministério da Saúde para transplantes de rim e desde 2005 faz somente a captação do órgão de pessoas com morte cerebral e encaminha para outros estados.
Fonte: Correio do Estado – 10-01-2012