A aposentada Terezinha Valletta de Carvalho, de 73 anos, estava no número 19 da fila de transplantes à espera de um fígado. A Hepatite C estava em estágio avançado da doença e uma vez por semana a paciente precisava ir ao hospital retirar 5,5 litros de líquido da barriga. Terezinha não recebeu o órgão a tempo e morreu há oito meses.
O marido com quem foi casada há quarenta e um anos, Celso Monteiro de Carvalho, de 67 anos, foi quem acompanhou junto com os filhos a busca da esposa por um órgão.
“Como a pessoa é chamada de acordo com a gravidade do estágio tínhamos a perspectiva que ela fosse chamada rápido, mas infelizmente nadamos, nadamos e morremos na praia”, contou o engenheiro químico.
A falta de informação sobre a doação de órgão faz com que pessoas como dona Terezinha não recebam o órgão a tempo. As dúvidas sobre procedimentos impedem o crescimento das operações. No último levantamento feito no estado de São Paulo, de 2010, o número de pessoas na fila por um coração, pulmão, rim, córnea, pâncreas e fígado chegava a 12 mil.
Ausência de conhecimento da população sobre o que é morte cerebral é um dos fatores que travam o crescimento das doações. Quando acontece esse tipo de morte é irreversível e existe declaração de óbito para o caso. Mesmo com o coração batendo.
A ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) diz que outro complicador é o fato de algumas pessoas serem contra a doação por acharem que na outra vida vão precisar dos órgãos também. A entidade também faz questão de deixar claro que os procedimentos no país são seguros e totalmente controlados, ou seja, não há a mínima possibilidade de desvio.
A Secretaria de Estado da Saúde recomenda que quem deseja ser doador de órgãos informe a posição de maneira clara aos familiares.
“É um momento delicado, a família está perdendo um ente querido, que na maioria das vezes é jovem e de maneira trágica. Quem tem essa vontade deve avisar todos os parentes. Isso facilita demais o momento da entrevista”, explicou o coordenador da Central de Transplantes da secretaria, Luiz Augusto Pereira.
Fonte/ texto extraído: Diário de São Paulo https://www.diariosp.com.br/noticia/detalhe/12211/Informacao+e+o+caminho+para+doar+mais+orgaos