DENÚNCIA SOBRE SITUAÇÃO DO HEMOPE!!!

06/11/2011 00:07

 

Acompanhe e leia na íntegra carta denúncia repassada a nós pela direção da ATMO, quanto a situação do HEMPOE.

 

DENUNCIA

Espero realmente, como eleitora que sou, que chegue ao conhecimento do
senador Humberto Costa, e de toda sociedade pernambucana esse registro de
indignação e pedido de auxílio.

Sou servidora pública há 27 anos, Cristina Botelho é o meu nome e venho
denunciar um absurdo que a saúde pública e o SUS, que tanto defendemos, acaba
de sofrer em nosso estado. Estou há 5 anos trabalhando no CTMO - Centro de
Transplante de Medula Óssea - Hemope. Por determinação do secretário de saúde,
a partir de 30 de novembro estarão encerradas as atividades deste centro que é
o único serviço público, de alta complexidade e competência técnica e que ao
longo dos seus 10 anos de existência vem sendo sucateado até chegar ao absurdo
de fechar as portas.

No estado que necessita de 31 leitos e conta apenas com 09, 03 em nossa
unidade e 06 leitos credenciados ao SUS no hospital Português ao invés de
ampliar o nº de leitos, incompreensivelmente reduz. No ano de 2006, quando a
equipe de profissionais estava completa, quando não faltavam insumos, materiais
e medicações, fomos capazes de realizar 17 transplantes de medula óssea, além
de manter a assistência ambulatorial e em hospital-dia dos já transplantados e
dos que estavam na lista de espera, que hoje retém 70 pacientes do
direito ao tratamento por
falta de leito.

Desde 2008 vínhamos sofrendo perdas de profissionais, seja por fim de
contrato temporário, seja por falta de concurso público, chegamos a um deficit
significativo que em 2008 inviabilizou a realização de TCTH - transplante de
células tronco-hematopoética, onde apenas um retransplante foi realizado.
Sujeito as falhas de gerenciamento e a falta de uma política de saúde
em nossa área, encontramo-nos  a deriva. Somos 43 profissionais
especializados, uma pequena unidade equipada e o nosso maior
patrimônio, nossos pacientes, para quem existimos, completamente
abandonados pelos que deveriam
dar-nos a mão e fortalecer um serviço que tem condições, vontade e competência
de ampliar suas atividades e atender com dignidade conterrâneos e pacientes de
outros estados do nordeste que sequer têm centro transplantador. O que falar
dessa situação? Como justificar essa decisão? O que será dos nossos pacientes?
Nada, além de que o serviço foi extinto, foi-nos dito. O que pensar de um
gestor que não questiona o secretário e obedientemente, se cala, dizendo
que a causa é política e não administrativa. Prestem atenção, hoje foi o CTMO,
amanhã a onco-hematologia, depois o Hemope  se descaracteriza por
completo.

Qual o ganho para a população desta decisão? Sabemos que instituições
privadas estão buscando credenciamento junto ao SUS para disponibilizar leitos.
Ótimo, precisamos mesmo ampliar a oferta e certamente este serviço, patrocinado
pelo SUS, não traz prejuízo, caso contrário a iniciativa privada jamais
adotaria, evidentemente. Estão senador, não quero crer que o sucateamento do
aparelho público tenha o objetivo de beneficiar a iniciativa privada ou será
que estou iludida? Essa causa não pode ser de um grupo de profissionais, de
pacientes e familiares. Essa causa é de todo cidadão brasileiro que trabalha
para o direito à saúde de qualidade ao povo brasileiro, em especial, aos nossos
representantes políticos, concorda comigo?

A situação é de extrema urgência, aguardo sinceramente um retorno do
senhor. Utilizo a rede social para divulgar o ocorrido, os pacientes convocaram
a mídia escrita e televisionada amanhã para um manifesto em nossa unidade e
acredito que algo de muito melhor para os pacientes e profissionais venha a
surgir. Lembro agora que há 2 anos o projeto era de ampliação da unidade,
transferindo-a para o hospital do câncer( existe inclusive planta baixa da
área,já definida), com 10 leitos o que nos deixou felizes pelo reconhecimento e
valorização desta tão importante área de especialização na saúde.

Encerro aqui essa denúncia, mais do que um desabafo, reafirmo minha
indignação por esse desrespeito, descaso e absurdo com a população frágil,
doente e órfã de gestores comprometidos com o bem-estar e saúde do nosso povo.