A POLÊMICA SITUAÇÃO DO HEMOPE

05/11/2011 23:57

 

HOSPITAL DE SERVIDORES

Centro de transplante de medula fecha porta

Único serviço público de alta complexidade, a unidade, que atende em média 16 pacientes por semana, fez mais de 70 procedimentos em 10 anos

Publicado em 04/11/2011, às 08h20

Do JC Online

 

 

Desamparo e indignação resumem o momento vivido por pacientes e funcionários do Centro de Transplante de Medula Óssea do Hemope (CTMO) quando souberam, nesta quinta-feira (3), que as atividades no local serão encerradas no dia 1º de dezembro. Em funcionamento no Hospital dos Servidores do Estado, na Avenida Rosa e Silva, Zona Norte do Recife, o espaço atende, em média, 16 pacientes por semana e já realizou mais de 70 transplantes ao longo dos seus 10 anos de existência. Os pacientes que necessitam de atendimento antes e depois do transplante temem pelo futuro após o fechamento do espaço.

Enfermeira há 22 anos, Ana Luiza Pinheiro, 51, teve leucemia e foi transplantada em 2008. Hoje, o câncer estacionou. Sua luta agora é para atenuar as conse-quências do excesso de medicamentos que ela precisa administrar para não haver rejeição. "Fiz minha cirurgia em São Paulo, mas todo o acompanhamento pós-transplante foi aqui, no CTMO. As medicações me deixaram depauperadas. Com o fechamento do centro vamos para onde? Seremos acompanhados por quem?", questionou a aposentada.

Preocupado com a recuperação da esposa, Severino Correia, 45, recebeu com tristeza e preocupação a notícia sobre o fechamento do centro. "Vão tirá-la de um lugar onde ela já conhece a equipe e o tratamento para levá-la a outro espaço que ainda não sabemos onde será. É como se não fosse suficiente o sofrimento causado pela doença, ainda temos que passar por essa situação", desabafou Severino.

A responsável técnica pelo CTMO, Érika Coelho, explicou que para suprir a atual demanda por transplantes de medula óssea no Estado seriam necessários 31 leitos. Hoje, existem nove: três no centro do Hemope e seis credenciados ao Sistema Único de Saúde, no Hospital Português. "Não tivemos apoio institucional, nem estadual para realizar os procedimentos. Dependemos de profissionais, de medicamentos. Desde 2008, estamos sofrendo com perdas de profissionais, falta de material, de incentivo mesmo."